- mamãe disse que não posso falar com
estranhos, você pode ser um bandido ou um pedófilo ou um traficante de
crianças- disse sem levantar a cabeça e ele a olhou assustado antes de começar
a prender o riso.
- um bandido, pedófilo ou traficantes?!-
repetiu como se estivesse mal- assim você me ofende, já fiz muitas coisas ruins,
mas nunca com crianças.
- coisas ruins?- disse alarmada e
levantando a cabeça- por favor, não faz nada comigo, pega tudo só me deixa
tirar o chaveiro que a mamãe me deu e nem minha pulseira- disse rápido e
tentando tirar atrapalhada o chaveiro da mochila. Aí ele não se segurou caiu na
gargalhada sabia que era errado porque ela era só uma criança e parecia
realmente assustada.
- Olha só Jeff ela acha que somos
bandidos que rouba criancinhas – disse ainda rindo olhando para o cachorro que
latiu. Com o latido ela levantou direito a cabeça pra olhar o cachorro e deu um
lindo sorriso nem parecia assustada ou triste.
- o senhor tem um cachorro, que lindo
ele é!!- disse com os olhinhos brilhando- ele morde?
- não, ele é só um babão pode pegar se
quiser- disse achando graça dela ter esquecido tudo que havia falado apenas
pelo cachorro.
- oi Jeff!- disse fazendo carinho na
cabeça no cachorro que já tinha se deitado aos pés dela- qual a raça dele? É
tão grande.
- ele é um labrador e tem pedigree, é
grandão mesmo, mas não morde nem mosca.
-ainda bem moscas são sujas- disse
fazendo careta.
- agora que você não está mais em
pânico poderia dizer seu nome e pegue- disse entregando a garrafa de água-
trouxe pra você achei que estava passando mal.
- desculpe se lhe preocupei ou se fui
grosseira, mas mamãe fala tanto sobre não confiar em qualquer um que fico com
medo- disse pegando a garrafa e bebendo- obrigada.
- não tem problema não me ofendi, sua
mãe está certa e você foi engraçada. Seu nome?- perguntou quando ela continuou
brincando com o cachorro.
-é Louise Marie e o seu?- perguntou
olhando pra ele diretamente nos olhos pela primeira vez. Ela parecia muito com
uma pessoa que ele havia conhecido, não podia ser, mas a semelhança era
incrível os cabelos castanhos, o formato do rosto, aquele nariz empinado... Só
não os olhos, os olhos eram de um verde claro mais parecidos com os seus
próprios. Aquilo era impossível.
- é Aríston Leonetti.
- o senhor é grego?!- perguntou
surpresa- ou italiano?!- continuou quando ele não respondeu- o senhor parece
forte, mas me desculpe não parece ser de nenhuma das duas nacionalidades-
completou sorrindo.
- você conhece o significado do meu
nome?- olhou pra ela mais surpreso que antes- nasci na Grécia, mas meu pai é
italiano o justificado do sobrenome.
- ah tá... Acho o senhor mais italiano
que grego apesar de não parecer muito com nenhuma e sim, conheço seu nome adoro
ler e já vi isso em algum lugar.
- as pessoas podem ser diferentes dos
livros já pensou nisso? E por que você estava chorando?
- verdade- falou ainda brincando com o
cachorro- mamãe esqueceu-se de mim de novo, na verdade ela não esqueceu meu
motorista esqueceu e ela não pode sair do trabalho pra me pegar então sempre
fico sozinha esperando- disse triste.
-seu motorista?
- é olha a escola que estudo- disse
olhando pra portaria- o senhor acha mesmo que não tenho um motorista?
- não, não é isso. É porque se tens um
motorista ele deveria ser pontual afinal está sendo pago senão deveria ser
demitido, mas isso não é você que resolve.
- o que me deixa triste é porque a
mamãe quase não pode está comigo estou sempre com outras pessoas antes não era
assim fazíamos muitas coisas juntas e ela nunca me deixava depois que começou a
trabalhar nossa vida mudou. Mudei de escola, mudei de casa, mas ela não está comigo.
- com certeza ela trabalha desse jeito
por você, pra dar o melhor pra você não deveria ficar triste com ela- disse
querendo apaziguar- e como uma escola dessas deixa uma aluna pequena sozinha
aqui na frente?!- perguntou indignado- sua mãe sabe disso?
- na verdade quando somos liberados
ficamos no portão lateral que é aonde os pais pegam, mas como sou sempre a
última e Charlie sempre me pega aqui saio junto com os grandes pro portão da
frente e eles não me veem- disse rindo.
-você é muito sapeca, no entanto deve
saber que não é bom afinal eu estou aqui conversando com você há quase meia
hora eu não lhe farei mal, mas se quisesse poderia e não teria ninguém pra lhe
proteger. Acho melhor começar a ficar com os da sua idade.
-seria mais complicado Charlie teria
que entrar na escola e chegaria atrasada para aula de balé ou qualquer outra.
- você é uma pessoa ocupada!- falou
espantado.
- que bom Charlie já está chegando-
disse tirando o celular da mochila e vendo a mensagem do motorista.
- isso é ótimo então não precisa mais
de companhia e já vou indo e não fique chorando ok?
- poxa- disse agarrada ao pescoço do
cachorro- tchau Jeff.
- ei não vai se despedir de mim?- fingindo
está ofendido.
- ok tchau e obrigada não vou ficar
chorando.
Ele pegou o cachorro e saiu tendo um
vislumbre de algo que o deixou intrigado ele precisava ver aquela menina de
novo. Ao cair da noite quando se preparava para dormir lembrava-se daquela criança.
Primeiro ela nem parecia uma criança havia conversado com tamanha maturidade
depois aquele rosto que não saia da sua cabeça e mais tarde aquele objeto seria
estranho se o vissem novamente na porta da escola conversando com uma criança,
mas ele precisava vê-la novamente se encantara por aquela pessoinha esperta.
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- então como foi seu dia hoje?-
pergunta Demi a filha que ao chegar em casa pareceu muito feliz ao contrário do
que ela esperava de como era todos os dias que era "esquecida" afinal
sempre dava um show ao telefone.
- foi demais!- respondeu com entusiasmo
enquanto jantava- a professora de balé disse que talvez eu possa ser a
escolhida pra apresentação principal de Natal este ano, ainda está longe, mas
se eu me empenhar posso conseguir.
- meu amor isso é maravilhoso você é
uma bailarina incrível- disse sorrindo-mas foi só isso que aconteceu? Sempre
que atrasam pra lhe buscar ou te esquecem como falas você fica meio deprimida o
resto do dia.
- não mamãe, eu entendo o porquê da
senhora não trocar de motorista sei que a Jordan tem muitas responsabilidades e
sei que a senhora tem que trabalhar e olha apesar de tudo não cheguei atrasada
na aula da tarde- disse tranquila.
- sério?!- perguntou surpresa- fico
feliz que entenda- continuou quando a menina assentiu- você sabe que faço isso
por você. És tudo que eu tenho faço porque te amo muito e quero o melhor pra
você- disse tocando o rosto da filha.
-eu sei mamãe, também te amo.
Demi foi dormir aquela noite surpresa e
um pouco aliviada se sentia culpada, pois sabia que estava ausente e a mudança
havia sido tão repentina que Louise poderia ter ficado confusa assim como todas
elas, mas... Sua filha mal tinha cinco anos e conversava daquele jeito! Era
motivo pra se preocupar? Não, achava que não ela só era muito inteligente.
No outro dia de manhã aconteceu tudo
como sempre: acordaram cedo, tiveram café depois Demi foi no seu carro para o
trabalho e Charlie foi levar Louise para a escola no outro carro e só se veriam
novamente de noite, Demi sabia que isso era ruim pensaria em algo para tentar
melhorar a situação apesar da filha falar que entendia.
continua...
Eu sempre digo que vou postar e não posto peço desculpas, mas minha visa é muito corrida...casa, trabalho, família é fácil de imaginar como meu tempo é apertado, mas tentarei postar na quarta.
Beijos Lulli!
posta
ResponderExcluirJá postei!
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